Durante o armazenamento, entre os fatores que determinam as perdas dos alimentos, a incidência de pragas se destaca por ser a maior causadora de perdas físicas de grãos e subprodutos, além de ser responsável pela perda na qualidade no momento que são destinados à comercialização e ao consumo. O controle dessas pragas tem sido feito utilizando-se inseticidas. Entre os produtos empregados, se destaca a aplicação de fosfeto de alumínio que, em contato com a umidade do ar, reage e libera a fosfina. Esta operação é denominada de fumigação.
A utilização da fosfina, como fumigante para grãos e subprodutos, foi estabelecida na Alemanha em 1937 e continua sendo a técnica mais empregada no controle de todas as fases de vida, ou seja, ovos, larvas, pupas e adultos das principais espécies de pragas dos alimentos armazenados. Isto se deve segundo REICHMUTH (1990),a algumas vantagens, tais como a segurança e facilidade de manuseio das formulações; sua eficácia em baixas concentrações; baixo nível de resíduos nos grãos; degradação rápida e, se adequadamente aplicada, não é deletéria ao meio ambiente.
A fosfina é um gás de baixo peso molecular (34), peso específico igual a 1,214 ( Ar = 1 ) e alta pressão de vapor (42 atm) (AFHB e ACIAR, 1989). Essas características favorecem a distribuição uniforme do gás no material a ser fumigado (grãos, sementes, farinhas etc.) e grande facilidade de escape mediante ventilação. Quando pura a fosfina é incolor e inodora (MONRO, 1980; AFHB e ACIAR, 1989). O odor característico do carbureto se deve a presença de materiais adicionais, tais como carbamato de amônio e catalisadores, que desprendem, ao mesmo tempo, dióxido de carbono e amoníaco, que servem para diluir a fosfina, reduzindo o perigo de combustão e ainda com indicadores da presença de fosfina no meio ambiente (MONRO,1980).
A comercialização da fosfina é feita nas formulações de pastilhas de 0,6 g e de 3,0g e sachês de 34g, que normalmente possuem 57% de fosfeto de alumínio e 43% de material inerte. Os 57% de fosfeto equivalem a 33% do princípio ativo (fosfina). Assim, cerca de um terço do peso de cada formulação corresponde a fosfina pura.
A penetração da fosfina no inseto ocorre por meio do aparelho respiratório. Nas larvas, pupas e adultos, este gás penetra pelos espiráculos situados nas superfícies laterais do corpo e nos ovos, se difunde através do córion (HAREN E LAS CASAS,1974). Assim o envenenamento do inseto pelo fumigante é influenciado pelo ritmo respiratório do mesmo, sendo que, qualquer fator que aumenta esse ritmo, tornará o inseto mais sensível (MONRO, 1980).
Diversos são os fatores que influenciam na toxidade da fosfina a insetos. A temperatura é o fator mais importante que influencia a ação do fumigante aos insetos. Alguns autores estabelecem a faixa mínima de 10 a 15ºC para a realização da fumigação. Em temperaturas menores, ocorre maior absorção e menor difusão do gás. Em contra partida temperaturas mais elevadas aumentam o ritmo respiratório dos insetos, tornando-os mais susceptíveis (MONRO,1980; AFHB e ACIAR, 1989).